Panoraminha (jan-fev/2013)

Por: Talitha Cezaretti B. Fonseca

Mais um ano terminava, e com ele a certeza de que Thomé havia se esforçado para ser um garoto melhor. Essa época do ano nos faz pensar no nascimento daquele que fez uma grande diferença para o planeta Terra, Jesus Cristo. Ele não apenas falava do bem, mas fazia tudo o que podia para ajudar quem dele precisasse. Exemplificava através de gestos incomparáveis de bondade, aquilo que gostaria de ensinar ao povo de sua época, e até hoje os seus ensinamentos são lembrados como a maior forma de amor e caridade que compreendemos.

Com o coração radiante pelo sentimento de fraternidade que sentia, Thomé contou a sua professora da evangelização sobre a idéia que teve, muito feliz com a iniciativa do garoto, resolveu apoiar o inicio do trabalho que tinha por objetivos auxiliar aqueles que necessitavam, e educar os alunos para a prática do bem.

A ideia de Thomé era a de levar amparo e um pouco de alegria às crianças que não tinham famílias e, pensando nisso, resolveram fazer uma tarde de recreação para iluminar o sorriso daqueles que estavam entristecidos por não possuírem as mesmas condições que outras crianças, que mesmo tendo sua família presente, não dão o valor merecido, fazendo do lar um verdadeiro campo de batalha.

Pediram auxílio daqueles que tocavam instrumentos musicais, pois poderiam cantar as canções que aprendiam na evangelização e assim levar a mensagem do Pai aos pequenos. Com as doações de alimentos que arrecadaram, conseguiram promover uma refeição para mais de duzentas crianças e com isso, garantir o alimento material que também era necessário. Thomé se sentiu confortado por ver brilhar os olhos de tantas crianças, mas sabia que isso não era tudo.

De longe avistou uma menina que havia se isolado das outras crianças e estava sentada em um canto triste e solitária. Thomé se aproximou daquela criança na tentativa de saber o que estava acontecendo:

- Qual é o seu nome, perguntou Thomé a menina.

- Sarah, respondeu a garota um tanto cabisbaixa.

Thomé questionou porque ela havia se afastado das outras e Sarah respondeu:

- Do que adianta me divertir apenas um dia e saber que amanhã isso não vai acontecer?

Thomé então se lembrou dos ensinamentos que havia aprendido na evangelização e continuou a conversa:

- Sabemos apenas do dia de hoje, mas não podemos desanimar só porque achamos que o amanhã pode não ser como pensamos. É preciso acreditar que coisas melhores virão, porque Deus sempre quer o melhor para os seus filhos.

- Meu pai é Deus? Perguntou Sarah a Thomé.

- O seu, o meu e de todas essas crianças. Deus criou tudo o que existe e não deixa ninguém desamparado. É preciso confiar. Ainda que você não tenha quem gostaria por perto, tem mais do que necessita! Afinal de contas, vejo que tem pernas e braços e pode brincar como os outros, consegue ver a beleza das coisas, escutar os sons da natureza, falar o que sente e com isso ajudar alguém. Tem um lugar que te acolhe, pessoas que te amam, o alimento, as roupas e ainda possui a capacidade de escolher o que deseja sentir!  Hoje quando eu acordei poderia ter me queixado por não ter um tênis pra vestir, pois o meu estava todo enlameado, mas preferi agradecer por simplesmente ter pernas que me permitem andar.

-Todos nós somos assim Sarah, temos mais do que merecemos, mas não percebemos.

Thomé não havia se dado conta de que um espírito amigo era quem o intuía a oferecer palavras de motivação aquela criança, que desde muito cedo já tinha mágoas em seu coração.

Sarah havia entendido o recado de Thomé. De nada adiantaria reclamar, pois tinha mais do que o essencial para que pudesse viver de maneira tranquila e alegre. Sorriu para Thomé e saiu para brincar com as outras crianças.

Aquele garoto, que se mostrava tão pequeno no corpo físico, mas de tamanha grandeza espiritual para um menino na mais tenra idade, conseguiu revelar muito além que um gesto de boa vontade, ele mostrou o que era a caridade pura e desinteressada que o Evangelho nos traz. E como toda criança com toda energia, saiu a brincar com a certeza viva de que Deus sempre olha por nós.